No mês passado, o Ministério Público notificou a mineradora pelos sucessivos atrasos e para agilizar a entrega da estrutura, que começou a ser feita após rompimento da barragem de Córrego do Feijão.
Três anos depois de assinado o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Vale, Copasa e Ministério Público para a construção de uma nova estação de captação de água no Rio Paraopeba, a estrutura ainda não está em funcionamento.
A mineradora Vale, responsável pela obra, também não forneceu uma data para o equipamento deixar a fase de testes e começar a operar em definitivo.
A nova rede de captação começou a ser construída após o rompimento da barragem em Brumadinho, que despejou milhares de litros de lama no Rio Paraopeba e comprometeu a estrutura existente. Duzentas e setenta e duas pessoas morreram na tragédia.
Com o comprometimento da captação de água no sistema, ainda em agosto de 2019, o governo do estado assinou um termo de ajustamento de conduta com a Vale, que assumiu o compromisso de construir uma nova estação. Desde julho de 2021, a estrutura está em fase de testes.
No mês passado, o Ministério Público notificou a Vale pelos sucessivos atrasos e para agilizar a entrega da rede de captação. O g1 questionou ao órgão o que foi feito depois disso, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Vazamentos
Além do atraso para a mineradora entregar a obra, a capacidade de bombeamento deveria chegar a 5 mil litros por segundo, o que, segundo a Copasa, ainda não ocorreu.
Ainda de acordo com a Copasa, em novembro do ano passado, quando o bombeamento atingiu os 2 mil litros por segundo, foram encontrados vazamentos e “outras questões de ordem técnica” que ainda precisam ser sanadas pela mineradora.
A Copasa afirmou ainda que “cobra rotineiramente da Vale o cumprimento das ações assumidas no termo de compromisso”.
A Vale disse que está realizando ajustes finais para operação assistida, “etapa necessária para a entrega da obra”.
A mineradora informou, ainda, que está fazendo a interligação deste sistema com a Estação de Tratamento de Água do Rio Mando, que irá permitir operação de captação de forma independente.
A Copasa afirmou que o atraso na entrega da obra não compromete o abastecimento na Região Metropolitana neste momento, já que o sistema “opera em condições suficientes para atendimento da população”. Informou, ainda, que os reservatórios Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores encontram-se com 93% de sua capacidade máxima de armazenamento.
Sistema Paraopeba
O antigo sistema de captação do Rio Paraopeba foi construído pelo governo de Minas em 2015 para minimizar os impactos da crise hídrica.
Após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, a Vale construiu o novo sistema 12 km acima da estrutura com captação suspensa, onde o rio não recebeu lama.
Prazos
- Agosto de 2019 – Vale e Copasa assinam Termo de Ajustamento de Conduta para construção da nova rede de captação, com previsão de início em outubro do mesmo ano e conclusão em setembro de 2020.
- Outubro de 2019 – começam as obras da estrutura de captação.
- Dezembro de 2020 – com três meses de atraso, Vale afirma que iria entregar a estrutura em fevereiro de 2021.
- Fevereiro de 2021 – mineradora assume o compromisso de entregar em março, mas que a capacidade total do empreendimento, de 5 mil litros por segundo, só seria atingida em setembro do mesmo ano.
- Julho de 2021 – testes começam a ser realizados.
- Setembro de 2021 – testes permanecem em 1 mil litros por segundo.
- Novembro de 2021 – Copasa afirma que Vale passou a bombear 2 mil litros por segundo, mas que problemas técnicos precisavam ser sanados.
- Julho de 2022 – MP notifica a Vale em relação aos atrasos.
- Agosto de 2022 – Copasa afirma que a capacidade de bombeamento continua em 2 mil litros por segundo, volume abaixo do acordado.