Um bar quase na esquina

Um bar quase na esquina

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As coisas são assim. Elas colocam vírgulas e interrogações. Sou bêbado, borracho, mas não sou equilibrista de esquinas tortas. Meu bar é uma garagem, sinônimo de garage. Uma mesa única e duas cadeiras, de uma cor que muito gosto. O balcão me esconde. Se afastou de mim. Como posso escrever não sendo uma grande Pessoa ? Pessoa que era íntimo de Fernando. “Devo tomar qualquer coisa e suicidar-me ?” Poderia me dar ao luxo do lixo, nesse instante, sair agora e tomar uma aguardente, uma garrafa inteira, contudo, meu luxo agora é outro, que não o lixo de domingo passado. “Quando fui outro” me perguntaram sobre uma espiral, Fernando Pessoa já respondera : “uma espiral é uma cobra sem cobra enroscada verticalmente em coisa nenhuma”. Se eu fosse louco, deveras eu o sou, me indagaria nessa momentosa oportunidade, nesse degredo da vida, sou um bêbado, e não um equilibrista da esquina e da vontade.

Sílvio Lopes de Almeida Neto


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