Precisamos falar sobre a morte e o luto

Precisamos falar sobre a morte e o luto

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O homem é o único animal que, segundo a ciência, tem  consciência da sua finitude.

Há milhares e milhares de anos a Morte é a figura sombria com a qual não podemos lutar contra.

Um tabu imerso em eufemismos (fulano partiu desta para a melhor, ciclano “bateu as botas”!).

É preciso falar sobre a Morte.

É preciso vê-la como algo natural (ainda que isso seja inquietante).

O ser humano não lida bem com o desconhecido. Tudo aquilo que não domina muito bem ou que nunca se conectou é temido. E com a morte não é diferente.

Estamos em meio a uma pandemia (a Covid 19) e como consequência a morte vem protagonizando muitos instantes do nosso cotidiano.

A proposta do texto é levar vocês, caros leitores, a pensarem sobre como lidar com o luto, visto que esse aprendizado nos leva, aos poucos, a desmistificar e temer menos o grande mistério da vida: A Morte.

A partida de um ente querido vem como uma avalanche de incertezas, questionamentos, muitas vezes, envolta a um sentimento de revolta e negação.

 A sensação da perda e do vazio causado pela morte nos leva ao sentimento de luto.

O luto precisa ser vivenciado para que a vida possa voltar a fluir, de forma que, o vazio deixado pela perda venha a ser preenchido com sentimentos de saudades e boas lembranças.

A extensão do luto por um longo período de tempo (em que a pessoa deixa de praticar suas tarefas cotidianas e demonstra total desinteresse pelo futuro) deve ser vista como algo patológico e necessita ajuda psicológica.

Tal acompanhamento facilita a identificação dos fatores que estão agravando o luto e dá ao paciente a oportunidade de  aprender a lidar com a situação de uma maneira mais assertiva.

A forma mais eficaz de superação é sair do estado de reclusão e buscar o diálogo. Conversar sobre a perda é fundamental nesse processo.

Buscar alguém de confiança e definir como se sente, como tudo aconteceu. Tentar relembrar as experiências vividas com a pessoa querida (aqueles momentos especiais e histórias marcantes).

 Quebrar o tabu e conversar sobre a perda tende a tornar tudo mais “natural”, trazendo a tona uma força extra para encarar a situação.

Faz-se necessário banir especulações, tais como: “E se …”, “Talvez quando…”. Essas palavras ferem como um punhal.

Sim! A morte chega sem pedir permissão e o enlutado começa uma batalha pela sobrevivência. Cada pessoa tem o seu tempo e reações imediatas que merecem respeito: sentimentos de raiva, questionamento da espiritualidade, culpa. E isso deve ser exteriorizado, toda a raiva tem que ser colocada para fora.

O luto é um período de muita solidão e ao mesmo tempo, muito sagrado. É vivenciado de maneira ímpar, pois cada pessoa reage a ele de maneira diferente e não existe certo ou errado. Portanto, sem julgamentos!

Permita-se! Sofra, entristeça, desespere, reclame, pergunte, chore, chore, chore, fale sobre suas emoções, sentimentos e dúvidas.

Será chegada a hora que a saudade virá sem a sensação de inércia. Bingo! Reaprendemos a viver!

As boas lembranças furtaram o lugar do desamparo!

 As lágrimas ainda cairão, mas alternadas com sorrisos e planejamentos futuros.

O mais importante é ter aprendido e agora tomar como missão o ato de ensinar a todos com quem convive que: falar sobre a Morte e demonstrar  os sentimentos no momento do luto é se fortalecer e se conscientizar que somos finitos e que para a morte e o tempo, não existe negociação.

Observação: Dedico o texto desta semana  e a mensagem abaixo a minha amada avó Geralda de Paula Ferreira que faleceu semana passada!

Querida Vovó Geralda,

Antes da Senhora  partir na manhã da última quinta-feira , eu disse que me lembraria da senhora todos os dias. Que todos os dias daria um sorriso para o céu como um cumprimento e assim já é, amada vovó.

Obrigada pela vida do papai que através dela foi possível a minha.

Obrigada por ter sido exemplar em tudo que fez! Uma Mulher Integral!

Como vou sentir falta dos seus lindos olhos azuis regados de sinceridade e das suas palavras tão fortes quanto doces, isso tudo veio a ratificar para mim que SIM  no mundo há pessoas boas, há anjos, que transformam as nossas vidas. Quantas vidas a Senhora transformou!

Cada momento (sobretudo os últimos) que passamos juntas está registrado em meu coração para sempre!

Agradeço a oportunidade que generosamente me concedeu.

Hoje, a saudade é grande, mas as memórias felizes me confortam!

Obrigada Vovó!

Te amo!

Minha retribuição será dada através dos seus bisnetos e assim sucessivamente cumprindo a belíssima Ordem do Amor!

Amor, honra, gratidão e respeito.

Sua Neta,

Lívia Maria Baeta de Paula.


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