Você já sentiu uma vontade repentina de comprar aquele sapato que é a sua cara ao vê-lo na vitrine da loja? Ou aquela blusa oficial do seu time que está na promoção?
Comprar gera, em algumas pessoas, uma sensação de prazer enorme, mas quando se perde o controle e se compra por impulso, você pode começar a desenvolver um sério problema. A esse comportamento damos o nome de compras por impulso. Esse comportamento é comum principalmente naquelas pessoas que já possuem em sua personalidade uma determinada característica: a impulsividade.
De acordo com especialistas, no nosso cérebro existe um circuito chamado de sistema de recompensas. Simplificadamente, quando você consegue algo que quer, tal circuito faz você se sentir bem. Ele se ativa liberando a dopamina, o neurotransmissor do prazer. Isso libera outro componente que também te deixa ótimo, a serotonina. Sendo assim, pode-se dizer que você quase “compra” a “felicidade”. A grande questão é que esse bem-estar é meramente temporário, mas as consequências de atos financeiramente desmedidos podem não ser.
Após a euforia que rodeia a aquisição de algo novo sem necessidade e/ou condição, a culpa, decepção e tristeza podem tomar conta, principalmente se for algo adquirido por impulso ou influências externas. No intuito de anular essas emoções negativas, a pessoa pode ser levada, novamente, a comprar impulsivamente, e assim, sem perceber, um novo ciclo vicioso é gerado. Como se já não fosse o suficiente, uma pessoa que tende a comprar de forma descontrolada pode se tornar uma compradora compulsiva. Neste caso um acompanhamento psicológico é necessário a fim de amenizar o problema.
Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que, quando os consumidores se deparam com anúncios em sites ou redes sociais, a principal razão para realizar a compra é o produto estar em promoção (56%), seguido de não querer perder as oportunidades de preços baixos (43%). Os produtos mais comprados por impulso são: vestuários, calçados e acessórios (30%); livros (24%); cosméticos (15%); e comida delivery (14%). Você concorda com tais índices? Faz parte destes consumidores?
Existe uma vontade quase irresistível de comprar, mas como podemos tentar controlar esse impulso? Alguns psicólogos e pesquisadores defendem que as compras impulsivas são uma tentativa de regular o próprio humor ao gerar mais sentimentos agradáveis e diminuir aqueles desagradáveis como: vazio, solidão e tristeza. Porém, esse comportamento é imediatista e o prazer não se sustenta por muito tempo. Para evitar tal comportamento, é importante entender o que você esta sentindo naquele momento e refletir:
1. Este produto que desejo comprar me é de fato necessário?
2. Será que a compra deste item vai me resultar em uma melhor qualidade de vida?
3. Quais outros gastos terei ao adquirir este produto?
Qual âmbito você acha que interfere mais no processo de compra do consumidor no ambiente online: racional ou emocional? O consumidor sabe que comprar pela internet envolve muito mais do que simplesmente escolher o menor preço. Embora esteja comprovado que compras online são feitas de forma mais racional, o emocional interfere inquestionavelmente. A mesma pesquisa mostra que sete em cada dez consumidores (69%) já desistiram de uma compra no momento do pagamento, especialmente depois de verificarem o valor do frete (33%). Outros motivos para desistência são: prazo de entrega demorado (21%) ou não ter certeza da compra (15%). Percebe-se que, mesmo com impulso de compra, alguns consumidores conseguem se questionar sobre a real necessidade do item e utilizar o lado racional no processo de decisão. Embora o custo seja sempre uma preocupação, as pessoas também querem informações reais sobre a qualidade do item e buscam, geralmente na internet, o relato de outros compradores sobre o produto desejado.
Como evitar compras por impulso
1. Busque entender que desejar algo é diferente de necessitar, portanto, reflita e desiste de compras sem real utilidade;
2. Não compre imediatamente. Retorne em outro dia e pesquise preços em outros lugares para de fato decidir se você realmente precisa do produto almejado;
3. Descubra quais são os gatilhos externos ou internos que te incentivam a comprar;
4. Muito cuidado com o cartão de crédito! Lembre-se que cartão também é dinheiro, que os juros são altíssimos e que os bancos querem que você o utilize sem restrições. Será por quê?
5. Diversifique suas fontes de prazer! Não use as compras como forma de se sentir bem. Perceba que o prazer pode vir de através de um hobby, uma boa conversa ou através do contato com a natureza.
De forma nenhuma tento lhes convencer de que comprar não é necessário. Comprar pode ser um meio pelo qual as pessoas se descobrem e se expressam. Investir em experiências é um ótimo exemplo para a afirmação acima. O sapato ou a camisa do seu time é uma forma de mostrar a sociedade quem você é, entretanto eles são bens materiais e tem vida útil. Porém ao contar o que você sentiu ao pular de para quedas ou quando chegou ao topo da Serra da Canastra, também pode ser formas de expressar e se descobrir. Lembrem-se produtos acabam, doamos, enjoamos, já experiências vivemos e sempre nos recordamos.
O intuíto aqui é direcionar as pessoas, individualmente, a refletirem sobre o que faz sentido ou não comprar e evitar que continuem sendo vítimas de um materialismo egoísta.
Conhece alguém que precisa ou gostaria de ler este texto? Copie o link e envie agora para que mais pessoas possam se beneficiar desse conteúdo e mudar a forma de se viver na sociedade do consumo.
Thaís Mara Lopes Henriques
Administradora – UFSJ
Educadora Financeira – DSOP
Especialista em comportamento do Consumidor – UNIARA
E-mail: thaishenriques10@gmail.com – Telefone (32) 99117-9107