VIDAS NEGRAS IMPORTAM, POIS TODA A VIDA IMPORTA!

VIDAS NEGRAS IMPORTAM, POIS TODA A VIDA IMPORTA!

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Quero convida-lo (a) a fechar os olhos por alguns instantes e contar até 05 com o seguinte pedido meu: Imagine estas três figuras: Uma princesa, um príncipe e um anjo. Feito?! Agora que você abriu os olhos tenho apenas uma simples pergunta para você, e eu desejo que você seja o mais sincero(a) consigo. Quantos desses personagens que você imaginou neste simples exercício eram negros? Quem sou eu para responder e te julgar com esta pergunta mas, eu não me assustaria com a resposta de: …” Nenhum”. Não é a sua culpa isso e nem isso o torna racista por não ter imaginado os personagens assim. Todas as vidas humanas ou não importam mas, as pessoas com pele negra há muito tempo vem sendo taxadas como a escória da sociedade. E daí surge a afirmação: Vidas negras importam. Afirmar isso é a nossa resposta para as estatísticas que o IBGE todos os anos deixa a nossa disposição a respeito dos índices de mortalidade que nossas crianças, mulheres e homens vem sendo subjugados pela violência da nossa sociedade. E que quando o assunto é falar sobre o racismo este além de ser taxado como chato as vezes dizem até que não existe. Tudo se tornou “mimimi” parece que é comum que em alguns grupos e redes sociais que você tentar explicar a estrutura da frase: VIDAS NEGRAS IMPORTAM a interpretação é de que apenas quem é preto merece viver. Assim se torna difícil explicar para quem não deseja ouvir a respeito do tema. Sempre houve o estereótipo: A mulher negra em nossa sociedade brasileira taxada como a gostosa carnavalesca, ou a “piriguete” mãe solteira que engravida cedo ou a do lar boazinha pois está sempre ali disposta a acatar ordens, o homem é visto como vagabundo e ou preguiçoso beberrão, que apenas serve para cometer delitos  o famoso “ladrão de galinha”  sequer consegue montar uma estrutura familiar capacitada a lhe dar com situações de nosso cotidiano e atualmente tem sido visto como símbolo de fetiche sexual também. Sim, é dolorido afirmar isso mas talvez você consiga se identificar com as seguinte situações: Quantas vezes você foi a uma entrevista de emprego não apenas se arrumou pois não era apenas a entrevista mas acreditava que a sua aparência não era realmente a ideal para ocupar determinado cargo e teve de se reinventar, alterar o cabelo, roupas e até negar uma religião? Ou quando você entra em um determinado ambiente de apenas para determinada classe social pelo menos é o que dizem e faz um giro de 360º graus com a cabeça semelhante a garota do “Exorcista” para saber quantos pretos tem dentro da sala, ou quando você deseja ir ao mercado ou padaria ali da esquina da sua casa e sabe que tem a obrigação de se arrumar para comprar o pão e ter em mãos todos os seus documentos pois se ocorrer algo fora do normal que  você tenha  que provar que não está envolvido em nenhuma situação constrangedora com a polícia ou com o local onde você foi. E aí de você se for de “chinelo de dedo”, boné e bermudão, pois o segurança do mercado vai ficar de olho em você. Fazendo-o ser suspeito sabe-se lá o por quê. Ser negro no Brasil é conviver em uma sociedade europeizada e estigmatizada onde o branco é o certo e o preto tem apenas de ser capacho e submisso. E os pretos que se submetem as regras negando a si mesmos são os chamados de “preto da alma branca”, pois já que não tem como se alterar a cor da pele, ao menos alma tem de ser branca ou seja tem de se parecer e ter a “educação branca” e se portar como branco pois este é o certo. O lançamento dessa afirmativa na internet sobre as vidas negras fez a internet “quebrar” pois muitos não entendiam o real motivo de todo o ocorrido, um homem nos E.U.A teve de vir a óbito para que bandeiras se erguessem e fosse feito protestos para mostrar que os negros são humanos subjugados mas   desejam ser tratados como ser humano, com respeito e vão continuar a fazer isso. Por exemplo quando uma pessoa   está para receber um órgão nunca ouvi falar que ele se preocupou de onde este veio e se o órgão era de um preto ou não mas a preocupação era que este fosse compatível e o salvasse a vida, mas para algumas pessoas comer em um prato que um preto comeu isso é outra história. Se somos todos iguais por que a cor da pele faz tanta diferença ainda? Se todas as vidas importam então por que as estatísticas apenas “cortam” para o lado dos pretos? Quando a questão é falta de oportunidades, maiores índices de acometimento de crimes, homicídios, feminicídios estão ligadas a cor. È certo que os pretos são mais de 50% da população brasileira e isso faz com que fiquemos sem entender por que ainda a situação não foi revertida. Podemos comparar a atual situação com o Mito da caverna de Platão. Após a libertação dos escravos estes estavam livres por intermédio dos abolicionistas que há  anos foram romantizados em novelas e peças teatrais não fizeram um plano de ação para solucionar a situação de vários homens e mulheres vivendo sob uma falsa liberdade, assim estes ex- escravos ficaram à mercê de uma sociedade que não tinha nada a oferecer pois no Brasil iniciou a erradicação dos negros por meio dos imigrantes japoneses e italianos que vieram a trabalho para o Brasil e dentro dos navios já recebiam uma valor pelo deslocamento. Em nossa terra recebiam um animal e um pedaço de terra. Existe algo errado nessa história e os ex-escravos?! Estes ficaram por aí “jogados” iniciando os cortiços e favelas não por que assim desejam e sim por falta de oportunidade, sem saneamento e ou cuidados pessoais, educação e higiene que era o mínimo a ser recebido. E isso nos dá a entender que existe uma grande ferida que essa liberdade mal planeja e tanto ansiada vem se arrastando até os dias atuais chamada: Racismo Estrutural. Se as vidas negras importam onde estão as políticas que nos fazem recuperar o tempo perdido de nossos ancestrais ou a educação que não foi dada a estes desde aquela época? Na escola quando eu estava na 3ª e 4ª série do Fundamental minha professora de história apenas nos mostravam as ilustrações  dos livros onde o negros estava acorrentado e ou apanhando a chibatadas e nas próximas páginas era ilustrado um homem branco gordo e rico em cima do trono com as melhores roupas da época ostentando seus lucros, talvez representavam estes reis neste tipo de livro com uma túnica vermelha  pelo derramamento de  sangue para o alcance de riquezas. Ser negro no Brasil é difícil e não é mimimi, as vezes até para entrar em um debate pela internet tem de ser o mais cuidadoso o possível para não ferir o outro que escreve a verdade dele (a).Com a internet as coisas apenas fluem da seguinte forma, alguém lança uma” hasttag” e em seguida milhões de pessoas a compartilham e daí grande maioria que a compartilhou se sente graduado a dar palpite neste assunto apenas para conseguir “ Likes e Curtidas” em vídeos ou textos sem fundamentos com palavras complicadas. E assim muitos pensam que estão fazendo a sua parte para a luta dos negros então como solucionar esse problema estrutural? Hoje, existe maior facilidade em se abordar o tema, mais meios de comunicação e assim grandes empresários já notaram como o mercado é vasto para produtos de beleza, brinquedos, roupas e etc.; Em suas lojas. Isso faz com que se tenham a representividade, vemos hoje em filmes e animações de grandes estúdios nacionais e internacionais em heróis e crianças se identificando com quem está na tela. Coisa que há 10, 20 anos atrás sequer alguém poderia imaginar acontecer pois todos eram brancos na televisão onde atores já chegaram a se  pintar com tinta preta para representarem negros nos teatros comum a época nos EUA com seus Minstrel Shows. Oportunidades para a classe nas empresas em cargos gerenciais, mais grupos dentro das escolas falando sobre o tema, onde a religião que por anos foi temida e maculada como errada seja ensinada, e que exista uma Lei da História do Negro e História da África e da disciplina de Relações Étnico Racial em todo ambiente escolar e universitário público e privado do país e que o seu povo saiba sobre a sua história. Debates   com medidas afirmativas e acima de tudo envolvimento da sociedade independente da classe social para a mudança imediata das estatísticas com mais visão de educação e respeito. E as desculpas como: Eu tenho um amigo negro ou eu já até namorei uma menina ou menino negro não seja mais justificativa para alegação de não ser racista. Que todos nós possamos ver uns aos outros não como raça, cor ou gênero e sim como seres humanos. Pois o que nos torna humanos é a nossa consciência, sendo assim que a falsa verdade que o preto não tem vez caia por terra e entendamos que: Vidas negras importam pois toda a vida importa!

Mary Luisa dos Santos Silva
Bacharel em Direito
Pós Graduada em Docência Jurídica
Instagram: maryluisa.may
E-mail:mlsslafaiete@yahoo.com.br


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Este post tem um comentário

  1. Sônia da Conceição Santos

    Dra. Mary Luisa parabéns pelo texto. Esta é exatamente a realidade de nós, negros no Brasil. Somos maioria mas nossa representatividade é minoria. Por falta de oportunidades e políticas públicas voltadas para a população negra; mas também porque muitos negros, mesmo que de forma inconsciente, pensam equivocadamente que “precisam reconhecer o seu lugar”. Que possamos mudar essa situação. Que as crianças e os jovens façam a diferença para que as futuras gerações não tenham que conviver com tamanha ignorância.

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