Agosto Lilás: Não se cale!

Agosto Lilás: Não se cale!

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Caros leitores,
Venho saudosamente expressar a minha gratidão por estar de volta!
Obrigada querida Rafaela e toda a equipe do Minas Informa pelo carinho e confiança de sempre.
Andei viajando por lugares tão lindos quanto tortuosos. Viagens internas são assim.
Saio do casulo com muito para doar e mais aberta a receber.
Então, vamos lá!

Neste primeiro momento cabe a mim trazer um tema cada vez mais atual e corriqueiro (infelizmente): a violência doméstica, lembrando que estamos no mês de AGOSTO (escolhido para potencializar debates, palestras, campanhas que abordam o assunto). Seguiremos, pois, a narrativa acerca do AGOSTO LILÁS.


O objetivo é chamar a atenção da sociedade para o enfrentamento à violência doméstica. A escolha do mês tem relação com a data de promulgação da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que completa 16 anos no dia 7 de agosto.
Oras, assim como eu, vocês devem estar curiosos do porquê da cor LILÁS.
“Segundo Leila Barros, a cor lilás ou roxa inspira respeito e dignidade, mas também piedade, purificação e transformação. Ela lembra que a iniciativa tem o respaldo da bancada feminina. — Somos poucas, mas representamos as mulheres brasileiras com muita garra e orgulho.”

Confesso que necessitei um pouco de pesquisas, assisti a alguns documentários sobre o tema até sentir segurança para falar sobre um assunto tão sério, delicado, complexo, repleto de sentimentos que tangem à co-dependência, ao medo constante e ao contraditório sentimento de ódio, “amor” e defesa da vítima pelo algoz.
As relações abusivas vêm recheadas de humilhação, ignorância, falta de incentivo, cobrança, privação e ciúme exagerado.


Se ainda não há diálogo sobre nenhum desses tópicos, pior. E percebi que, de fato, não há diálogo, assim como quase a totalidade das vítimas são as mulheres. Sim, homens também sofrem violência doméstica.


Talvez seja surpresa para alguns, mas o abuso não é apenas físico (há uma tendência à necessidade de ver a ferida para constatá-la). Observei que em algumas relações extremamente abusivas não havia agressão física. As feridas eram invisíveis aos nossos olhos, mas estavam lá abertas e sangrando. É, caros leitores, a questão vai muito mais além.

Nos meus estudos sobre o assunto descobri que a forma mais comum de violência nas relações é a PSICOLÓGICA. Em um depoimento, uma mulher definiu bem esse tipo de abuso. Segundo ela, a impressão que tinha era “de que nunca fazia nada certo e que, no final, era convencida de que a grande culpada por tudo era ela (ainda que não entendesse o porquê)”.


Neste momento, deixo uma reflexão de uma frase de Aristóteles:
“O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.”
É mais do que comum pensarmos: Afinal, por que a mulher simplesmente não abandona este relacionamento? Oras, não é tão simples assim. E jamais devemos julgá-la por não o fazer.


Outra observação que deveras me intrigou foi a de que muitas dessas mulheres quando alcançam o sucesso ou se destacam de alguma forma são podadas imediatamente pelos seus parceiros inseguros que têm como meta deixá-las sem autoconfiança, autoestima e quaisquer tipos de empoderamento. E, sim, elas acreditam que são burras e incompetentes.

Não raras são as mulheres induzidas através de um abuso mental a se convencerem de que estão loucas (o que facilita o agressor a covardemente controlá-las). Esses homens são capazes de distorcer fatos, omitir situações e criar um caos mental que leva a vítima a questionar seus pensamentos, memórias e até mesmo a sua sanidade. E esse tipo de abuso tem até nome: “gaslighting” (segue abaixo a definição do termo).


“O termo “gaslighting” é usado para designar uma forma de abuso psicológico em que informações são manipuladas até que a vítima não consiga mais acreditar na própria percepção da realidade.”


Redigir este texto é como tomar vários socos no estômago. Trata-se de algo desumano, cruel, covarde, inadmissível. É impossível a cada linha não me colocar no lugar dessas mulheres e sentir um desespero aliado ao medo, pavor e sensação de impotência.

Assisti a relatos de mulheres que vivem uma vida de “participante única de um BBB” cujo espectador é o marido. Além de serem “vigiadas” todo o tempo, têm os celulares confiscados, senhas compartilhadas e não desfrutam da sua individualidade (nem sequer a tem).

Na visão do agressor, as amigas não são boas influências e a família também não. Essas mulheres são privadas de tudo e afastadas de todos através de um comportamento obsessivo de seus agressores.

Elas perderam a identidade. Perderam-na ou, inconscientemente (por medo, sob ameaças, chantagem e manipulação) permitiram que lhes fosse roubada.

Por vingança, muitas vezes, têm a sua intimidade exposta em redes sociais ou eventos sociais, o que também caracteriza violência MORAL. Um outro ponto muito comum que me chamou a atenção é que não é só forçar o sexo que consta como violência sexual. Obrigar a mulher a realizar atos sexuais que causam desconforto ou repulsa, como a realização de fetiches, também é violência.


Outros socos no estômago.

Alguns homens também controlam o dinheiro da mulher (contra a vontade dela), chegam a guardar/ esconder documentos pessoais. E isso tem um nome: violência PATRIMONIAL.


São feridas externas e internas sem fim.
Muitas vezes o fim tem nome: FEMINICÍDIO.
O intuito deste artigo é CONSCIENTIZAR as mulheres e a toda a sociedade que existem vários tipos de abuso.
Talvez estejamos sofrendo algum ou alguns deles e não temos consciência, tamanho o poder de manipulação do agressor.

Precisamos identificar esses comportamentos e procurar ajuda.
Acreditar em mudanças por parte desses agressores é UTOPIA. Prometem uma vida diferente, porém cedo ou tarde voltam com as agressões. Sabemos que dizer NÃO é difícil (tamanha a capacidade de manipulação dos algozes). Mas é preciso coragem para fazê-lo.


Que todas as Mulheres, não só neste mês, mas todos os dias do ano, lutemos contra a violência doméstica e quaisquer tipos de violência, abuso e agressão. Que não nos sejam negados o direito à vida. Que nos sejam ofertados o respeito, a dignidade, a gratidão, o amor o direito de ir e vir, de nos expressar.

Não podemos nos calar!
Mulheres, vamos desconfiar quando a oferta é demais. Quando o mel é excessivo. O equilíbrio sempre é a melhor das opções; a mais saudável.
O amor com violência (além de paradoxal) é algo patológico.
A linha entre o amor e o ódio é tênue e há dados estatísticos de que esse ódio é sentença de morte.

Temos sim que pedir ajuda, denunciar as agressões!
Ainda que ele bata, faça chantagem, humilhe e depois fale que a ama e finja arrependimento; não podemos cair neste ciclo vicioso que covardemente ceifa vidas direta e indiretamente.
O homicida não vê a hora de dar o bote fatal.
E SÓ PRA CONTRARIAR: “Em briga de marido e mulher se mete a colher SIM!”
Denunciemos!


Ligue 180 e evite mais um feminicídio, evite que mais um filho perca a mãe e que mais uma mãe perca uma filha!
Não vamos nos calar!

A boa notícia é que não estamos sozinhas!

“De todos os atos de covardia a violência contra a mulher reduz o indivíduo ao mais baixo dos seres!”
Rangel C. Rodrigues

“A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora.”
Benedetto Croce

Deixo como sugestão um seriado sobre o tema: DIRTY JOHN – O GOLPE DO AMOR

Gratidão e estou à disposição de vocês!
Abraços!
Até breve, caros leitores!
Até muito breve!
Paz & Bem!

Lívia Baêta


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