Seria muito radical de minha parte dizer que as telas de computadores, tablets, celulares e afins têm sido as “babás” de nossos filhos neste período pandêmico que vem se arrastando há quase dois anos?
A resposta a minha própria pergunta é NÃO, infelizmente.
Desde março de 2020, os smartphones e computadores ganharam um lugar de destaque na nossa vida de adultos, pois é através deles que muitos de nós permanecemos trabalhando, estudando, enfim realizando todas as nossas atividades presencialmente banidas pela covid-19.
E com as nossas crianças não foi diferente. As conversas com os avós, com os amigos da escola, com os primos e inclusive as aulas vêm acontecendo no mundo virtual. Sim, é uma questão de necessidade, para que as medidas preventivas da disseminação do vírus sejam cumpridas.
Por outro lado, nós pais, sabemos o quão essa exposição excessiva às telas é prejudicial e que medidas precisam ser tomadas e intervenções executadas. . Nossas crianças precisam ser motivadas a brincarem sozinhas, com os irmãos e com a família. Do contrário, as consequências já vêm aparecendo e são tão tristes quanto assustadoras.
Precisamos cuidar das nossas crianças de forma a suavizar os impactos negativos da pandemia, garantindo leveza e esperança, ou seja, criar situações que são naturais de uma infância tipicamente normal.
Não me assusto ao ouvir relatos de alunos, pacientes e amigos sobre crianças que estão desenvolvendo transtorno de déficit de atenção, problemas auditivos e visuais, problemas de coluna e tendinite, sedentarismo e obesidade, isolamento social, agressividade, transtornos alimentares e de auto imagem, além de ansiedade, irritabilidade e depressão.
Por uma única vez, presenciei o meu filho de cinco anos irritado com o celular. Questionei o porquê. Ele disse em tom de raiva: “Ora, está lento!”
Oi? Como assim uma criança de cinco anos indagando de maneira rebelde sobre algo que não é deveras essencial, importante e tampouco tem prazo?
Resultado: ficou sem telefone, vivenciando o tédio até se distrair e ir brincar com o irmão.
É nossa responsabilidade monitorar o tempo que nossos filhos ficam diante das telas. É nossa obrigação dizer NÃO. Presenciei crianças sendo alimentadas pelos responsáveis, com os olhos fixados na tela como se fossem pequenos robôs.
Outro fator que me preocupa enquanto mãe é o tempo e qualidade do sono.
Sabemos da importância de uma boa noite de sono para que haja rendimento escolar satisfatório, bom humor, disposição e um bom crescimento físico vertical, sobretudo na infância e na adolescência. O desenvolvimento cerebral depende disso. Como citado, problemas oftalmológicos também têm aumentado entre as crianças e os jovens. E o que temos visto? Nossas crianças usando telas a noite e perdendo o sono.
Nós pais e responsáveis não podemos permitir que o tempo e o espaço para olharmos uns nos olhos dos outros se percam.
Se existe solução para tudo isso, mesmo diante deste cenário caótico do qual estamos todos fartos? A resposta é SIM! Como em um passe de mágica, Lívia? Sim! A questão mágica aqui é saber dar limites.
E dar limites é promover o equilíbrio. É saber dosar. É conduzir com amor, segurança, tranquilidade e firmeza.
Acreditem, nossos filhos inconscientemente gritam por limites e disciplina.
Confesso que a tarefa é árdua. Sou mãe de dois meninos (8 e 5 anos). Eles também estão muito interessados nas telas. Faço sim as intervenções, mas também fraquejo. No entanto, o mais importante é ter consciência do problema , vigiar e intervir.
Enfim, caros leitores, ratifico que se a tarefa está difícil é porque estamos no caminho certo. Educar exige muito. Se estiver tudo muito fácil, sugiro uma revisão e reflexão, pois provavelmente estamos errando. E a boa notícia é que ainda há tempo de reparar nossos erros!

Do meu coração para o de vocês!
Lívia Baeta
Até breve!